Política

Instituições ligadas à sustentabilidade e conselhos com atuação em prol do desenvolvimento econômico lançam na segunda-feira (7) uma declaração conjunta com propostas para ampliar o uso de biocombustíveis sustentáveis no transporte, incluindo combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês). A “Declaração conjunta para Biocombustíveis Sustentáveis como solução para a descarbonização do transporte internacional” será entregue aos representantes de energia e de agricultura da COP30.

O documento está em fase final de ajustes e foi elaborado pela Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds), pelo Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC) e pelo Instituto Clima e Saúde (ICS). O texto final será apresentado no evento “Biocombustíveis Sustentáveis para Transporte Internacional - Alinhando oportunidades reais a políticas globais”, que será realizado no Rio, com organização dos signatários da declaração e do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri).

A declaração trará recomendações para a comunidade internacional, de forma a aproveitar as oportunidades que são esperadas nos próximos anos no mercado de biocombustíveis. Fabrizio Panzini, diretor de políticas públicas e relações governamentais da Amcham Brasil, ressalta que há uma oportunidade econômica na adoção de medidas que ampliem o uso de biocombustíveis globalmente. Ele cita estimativas da Agência Internacional de Energia (IEA) que apontam que a demanda global por esse tipo de produto deverá mais que dobrar até 2030. Além disso, destaca que a Bain Company projeta que, até 2050, a demanda pode crescer até quatro vezes.

“Isso em termos de demanda. Em termos de oferta, temos um desafio que precisa ser encarado”, diz Panzini.

Para isso, as entidades vão apresentar, no comunicado, uma série de recomendações para os formuladores de políticas públicas e negociadores internacionais. Entre os principais pontos, estão a superação de barreiras regulatórias e comerciais injustificadas à exportação de matérias-primas e biocombustíveis sustentáveis; o avanço na construção de sistemas de certificação e rastreabilidade; harmonizar o conceito de áreas degradadas no âmbito internacional, promovendo o mapeamento, certificação e uso sustentável; e estimular esquemas interoperáveis de cadeia de custódia para facilitar o comércio e a rastreabilidade.

Victoria Santos, gerente de energia e indústria do ICS, afirma que atualmente os biocombustíveis são os vetores energéticos, principalmente os convencionais, mais competitivos dentro da necessidade global de descarbonização. “Pelo lado da filantropia de clima há duas perspectivas. A primeira é pela oportunidade do Brasil ser um grande player na descarbonização dos transportes, principalmente aviação e marítimo”, diz.

A segunda perspectiva é a garantia de que o avanço dos biocombustíveis não promova desmatamento ou impactos sociais e conflitos. “A qualificação do modelo de expansão é extremamente relevante do ponto de vista de uma agenda de clima que mitigue emissões, mas que também promova desenvolvimento social e melhoria de qualidade de vida.”

Rafael Rosas – Valor Econômico

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